25.7.09

Histórias do meu trabalho


Amigão, tem dez pessoas atrás de você e só eu para atender. Dá para se decidir ou está difícil?


Para quem me acompanha desde o blogger.com.br, sabe que eu trabalho na maior parte do tempo como uma quase garçonete: preciso esquentar os sanduíches, atender o cliente, preparar café e receber o pagamento, sem ser necessariamente na ordem ditada. E como é período de férias, tem-se a impressão de alguns viajantes esquecerem o cérebro em casa, provavelmente em cima da cama. Haja paciência para não levar uma arma para o trabalho e atirar no primeiro imbecil que aparece. Resolvi resumir alguma das coisas que aconteceu comigo, para o seu deleite e a minha desgraça.

História 1: "Café, nozes, é tudo a mesma coisa..."

Onde eu trabalho tem sorvete italiano, e cada sorvete tem uma plaquinha com uma foto e o nome do sorvete. Quando não tem o sorvete de um determinado sabor, colocamos um outro no lugar, mas nada que uma olhada na placa e no sorvete para notar que não é o mesmo sorvete. Certo? ERRADO.
Cliente 1: - Oi, eu quero dois sorvetes de copinho, com duas bolas em cada.
Eu: - Sim, qual sabor?
*Cliente grita para a outra cliente*: FULANA, QUAL SABOR QUE VOCÊ QUER?!
*Fulana responde: QUERO SABOR CAFÉ*
Eu, para cliente 1: - O sabor café está esgotado.
*Cliente 1 passa o recado para a fulana, que se levanta da cadeira falando*: - TEEEEM SIM QUE EU VIII, OLHA AQUIIIII!
Ela aponta para o de sabor nozes.
Eu explico para ela que aquele é nozes, e não café. Ela faz aquela cara de "ahn..." e escolhe outro sabor.

Dia do meu aniversário, lugar lotado, me aparece o cliente 2.
Cliente 2: - Quero duas bolas de sorvete.
Eu: - Casquinha ou copinho?
Cliente 2: - Casquinha.
Cliente 2 faz todos os pedidos e paga.
Eu: - Quais os sabores do sorvete?
Cliente 2: - Uma bola de café...
Eu: - Senhor, o de café está esgotado.
Cliente 2: - Mas está ali escrito "sabor café".
Eu: - Senhor, aquele é o de nozes, o de café esgotou.
Cliente 2: - Ahn, então eu quero outro tipo de sorvete.
Tive que cancelar a conta, registrar tudo de novo e o cliente ainda me diz "a culpa não é minha, está ali escrito". A minha vontade era de dizer que "sim, a culpa é tua, quem mandou ser um imbecil que não consegue diferenciar CORES E ASPECTO do sorvete!!!!"

História 2: E desde quando você precisa de vida social?

Toda vez que estou para fechar, o lugar está vazio e me aparece um gato pingado querendo beber cerveja, sempre aviso que fecharei em X minutos e que se ele realmente quiser beber cerveja, vai ter que beber nesse período. Na MAIORIA das vezes, dá o horário de fechar e está o ursinho pimpão, bebendo tranquilamente e batendo papo, como se tivesse o tempo todo do MUNDO para ele. Geralmente quebro o galho do fofo, porque começo empurrando as coisas para dentro, esticando por alguns minutos o prazo para o cara. Aí quando vou recolher o copo, ele pergunta se "não tem como eu esperar alguns minutos". Meu senhor, aqui não é um restaurante. Não tem outra pessoa para me ajudar a fechar, é só Deus e eu, mas Deus nunca limpa o pó das mesas enquanto eu fecho o caixa. Então, por favor, enxugue o copo e me deixe fechar em paz.


História 3: E desde quando você precisa de vida social? [2]

Véspera de um feriado BEM ensolarado, sábado de tarde trabalhando feito doida. Fecho o estabelecimento e começo a rotina de limpeza. Vem uns adolescentes perguntando:
- Você já fechou?
- Sim.
- Não tem como servir a gente?
- Não.
- Nem um sorvete?
- NÃO.
Eles sentam DENTRO da área fechada do quiosque, preciso avisar para eles que ali não poderiam sentar, e eles se retiram. Mais tarde, chega uma mulher e pergunta:
- Você fechou?
- Sim.
- Você sabe se tem outro estabelecimento aberto no aeroporto?
- Senhora, não sei, mas como hoje é sábado e véspera de feriado (n. da a., o que significa poucas decolagens e aterrisagens), creio que só o 7-eleven está aberto a essa hora.
A criatura me olha com uma cara de espanto e diz:
- Mas isso em um aeroporto?!?!?!?!!?!?!?!
*suspiros*

História 4: "Atrás de uma pergunta idiota existe uma pessoa preguiçosa"

Nós temos menus que mostram o que temos de comida para servir e o preço. Para facilitar mais ainda a vida do imbecil cliente, temos plaquinhas em frente aos pratos, com o nome e o preço. Aparentemente isso não é o suficiente, pois mesmo depois de ler o menu e a plaquinha, ainda perguntam "o que é isso". PORRA, É TÃO DIFÍCIL LER O MENU? SÉRIO??? Entendo quando é turista, porque o menu está em norueguês, mas quando é o povo daqui, puta merda...

História 5: A Segunda Guerra Mundial não acabou, aparentemente

No verão sobe muito a quantidade de alemães que vem para cá. Mas alemães não são clientes fáceis, principalmente os mais velhos. Primeiro que eles falam em alemão com você, e ESPERAM serem entendidos. Você fala em norueguês, eles não entendem. Fala em inglês e eles entendem menos ainda. E começam a repetir em alemão, beeem devagar que é para você entender. Ô IMBECIL, AINDA NÃO PERCEBEU QUE EU NÃO FALO A TUA LÍNGUA? A Noruega não está mais ocupada pelo exército de Hitler, então não precisamos entender o que você quer dizer. E para piorar, alemães não deixam gorjeta. Bando de filhos da puta.

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